Muitas vezes percebo que as queixas comuns do cotidiano da medicina ocupacional não começaram no trabalho, e sim na folga.
Iniciamos uma consulta ocupacional já na sala de espera, pois, estando fora do ambiente de trabalho é esperado que a pessoa esteja “desligada” do mesmo.
Observamos, modos, falas, uso de celular, computador, pois nessas horas as pessoas demonstram muito de sua personalidade sem perceber.
Sinais que analisamos na sala de espera:
Ansiedade extrema num atraso de 5 minutos.
Não tirar os olhos de um aparelho eletrônico onde estão respondendo e-mails.
Falar de assuntos de trabalho ao telefone.
Estes são indícios de que o indivíduo não consegue se desvincular do trabalho hora nenhuma.
O tempo para nós mesmos tem se tornado cada vez menor e é preciso cuidar disso para evitar doenças.
E hoje, com a tecnologia, isso tem se tornado muito comum o que torna alguns reféns de suas atividades de trabalho mesmo nas horas de folga. São pessoas que reclamam do trabalho e culpam gestores, gerentes e colegas por tudo de ruim que está acontecendo em sua vida inclusive relacionando doenças ao trabalho.
Pessoas quando são questionadas do que fazem em suas horas vagas ou qual atividade de lazer, demoram para responder ou usam clichês como aproveitar a vida e a família ou praticar esportes. Muitos o fazem mesmo, não estou falando que tudo é mentira, mas o exame sempre demonstra o contrário.
O homem está cada dia mais queixoso e mentalmente doente, sem conseguir localizar o que está acontecendo com ele de fato.
Há também neste tipo de trabalhador relato do uso de medicamentos para muitas coisas. Comprimidos para felicidade, sono em gotas e outras soluções para viver: remédio para dormir, para acordar bem, para emagrecer, para engordar, e talvez num futuro próximo a pílula para aproveitar o tempo de folga.
Dores que não melhoram com medicação também são queixas comuns. Daí não há a percepção do problema e do tipo de vida que estamos levando. São formas de tentar resolver um problema externo colocando algo (medicamento) para dentro do corpo e quase sempre o efeito não é o esperado.
Devemos refletir antes de reclamar e tudo o que está proposto para a melhoria de nossa qualidade de vida não custa nada.
7 maneiras de desligar do trabalho quando se está de folga
O amplo acesso à tecnologia é um dos fatores responsáveis pelo aprisionamento dos profissionais aos e-mails e mensagens instantâneas ligados ao trabalho. Mas a modernidade não eliminou a importância do repouso e aproveitar os momentos de folga requer mudança de comportamento.
“O repouso cumpre duas funções básicas: manter a saúde do trabalhador, evitando desgaste excessivo, e manter o padrão de rendimento e produtividade, uma vez que a realização do trabalho sem descanso leva à perda do desempenho”, afirma Adriano Peixoto, presidente da Sbpot (Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho).
A seguir, veja algumas estratégias saudáveis para não fazer do descanso uma extensão do seu mundo corporativo.
Consultoria: Adriano Peixoto, da Sbpot; Ana Cristina Limongi-França, psicóloga organizacional e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho da USP (Universidade de São Paulo); Marcia Luz, especialista em comportamento e administração de recursos humanos; Fabio Appolinário, doutor em psicologia pela USP e diretor do IPPC Brasil (Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento).
1 - Defina seus horários com rigidez
Se vez ou outra você precisar ficar a mais no trabalho, sem problemas, mas não faça disso um hábito. Portanto, dias de folga devem ter seu objetivo alcançado, não exerça o lado profissional fora de hora.
2 - Planeje o trabalho
Se o trabalho tomou conta da sua vida fora do expediente, é preciso observar se não está se considerando insubstituível. Em alguns casos, é preciso delegar mais tarefas e responsabilidades. Não fazer mais do que a sua capacidade evita o esgotamento, que, aliás, não interessa a ninguém. Uma maneira de conseguir dizer “não” às demandas exageradas é ter consciência do que você já faz.
3 - O celular não é parte do seu corpo
Um dos grandes erros é achar que o mundo vai parar de funcionar se você não estiver conectado 24 horas. Tente lembrar que o celular não precisa acompanhá-lo por todos os cômodos da casa, por exemplo.
4 - Faça atividades prazerosas
Além da vida profissional, a pessoal também precisa de atenção e planejamento. Por isso, não deixe para familiares e amigos o tempo que sobrar, pois assim você se tornará ausente dos compromissos sociais. Para dar certo, tenha os momentos de lazer pré-definidos na agenda, com data e horário marcados.
5 - Não vire a agenda dos outros
Muitos profissionais já acordam com o e-mail em mãos por conta do acesso remoto pelo celular. Segundo os especialistas, ao contrário do que pensamos, não estamos sendo produtivos e adiantando o trabalho. Atitudes como essa acabam deixando seu dia ser pautado pelo que os outros desejam. Por isso, antes de tomar seu café, por exemplo, e se sentir pronto para começar a jornada diária, deixe os aparelhos eletrônicos de lado.
6 - Tenha horário para as mídias sociais
Se a sua dinâmica de trabalho permitir, estabeleça um horário no dia para checar e-mails e mensagens diversas das redes sociais. Para conseguir deixar a consciência tranquila com tal atitude, lembre-se de que se for algo superimportante entrarão em contato por telefone. A prática acaba por doutrinar também as pessoas que trabalham com você, além de melhorar a produtividade, pois não é preciso conferir as plataformas de comunicação o tempo todo.
7 - Viva o momento presente
Você não terá sucesso com nenhuma das dicas acima se não escolher quais são as suas prioridades, pois todo mundo precisa ser dono do próprio tempo.
Você merece viver de forma plena todos os momentos, seja para saborear uma comida ou assistir a um filme.
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