Leituras sucessivas, uso constante de computadores, documentos atrás de documentos: rotina com a qual servidores e colaboradores do STF estão acostumados a trabalhar. Todas essas atividades exigem muito de uma mesma musculatura, que não recebe a devida importância, a musculatura dos olhos. Pensando nisso, a equipe da Ginástica Laboral adicionou os exercícios oculares ao programa da fisioterapia.
Dor de cabeça e nos olhos, visão dupla ou embaçada, falta de concentração, se perder nas linhas durante a leitura ou ter dificuldade de lembrar o que acabou de ler são alguns dos sintomas que a fisioterapia ocular visa tratar e prevenir. Quem decidiu trazer a metodologia ao Supremo foram as estudantes de Fisioterapia Larissa Amaral e Letícia Lopes, da Ginástica Laboral.
Segundo Larissa, no ambiente do Tribunal, as pessoas passam boa parte do tempo lendo ou na frente do computador e muitas reclamam do estresse ocular. “O mais importante de trazermos isso para a Ginástica Laboral é tirar esse estresse, melhorando o quadro de desconforto, justamente pela quantidade de leitura que é feita, prevenindo, também, a insuficiência de convergência”, demonstrou Larissa.
Letícia explica que a insuficiência de convergência significa a incapacidade de convergir os olhos, ou seja, aproximá-los ao centro. Isso pode acontecer devido à fraqueza dos músculos oculares. “Quando o olho está fraco, ele “tenta ir embora”, ou seja, diverge. A partir disso, a visão começa a embaçar ou ficar duplicada, porque os olhos estão em lados diferentes”, esclarece a estudante. Este desvio ocorre, pois, os olhos exigem que os músculos permaneçam em uma mesma posição, gerando o cansaço muscular. “Sabe quando você estressa demais uma musculatura e a sente fadigar? Acontece a mesma coisa com os olhos”, frisou Letícia, em analogia.
Além da alta carga de leitura do trabalho, grande parte das pessoas costumam usar o tempo livre para ler livros ou buscar informações pelo celular, o que estressa ainda mais os olhos. Os exercícios da fisioterapia ocular são importantes para ter uma visão saudável e amenizar os sintomas da fadiga muscular. “A musculatura trabalha todos os dias e o tempo todo. Ela só descansa quando a pessoa está dormindo e quase ninguém lembra de treiná-la”, comenta Larissa.
Na prática
Os exercícios são fáceis e possíveis de serem feitos em qualquer lugar, basta ter um lápis ou uma caneta e o cartão de pontos. Para exercitar-se com a caneta afaste e aproxime o objeto da ponta do nariz, de forma que não perca o foco, e realize duas séries de 20 repetições. Já no cartão, posicione-o na ponta do nariz e olhe fixamente para o ponto mais distante do rosto, por 10 segundos. Quando o tempo acabar, passe para o próximo ponto e assim sucessivamente. Assim que a visão começar a embaçar, não force, dê uma pausa de um minuto e volte para o primeiro ponto. Repita o exercício cinco vezes. Os exercícios podem ser feitos duas vezes ao dia e não mais que isso, pois o excesso pode cansar ainda mais a musculatura ocular.
A ideia de trazer a fisioterapia ocular para o Supremo surgiu pelo trabalho de conclusão de curso de Larissa e Letícia, que viram, no tema, a oportunidade de abordar uma vertente pouco estudada e conhecida. Por sugestão de uma professora da faculdade, elas escolheram a temática e abraçaram a causa. Larissa comenta que a fisioterapia ocular não faz parte das disciplinas estudadas no curso de Fisioterapia da universidade, dessa forma, todo o estudo foi feito por meio de artigos sobre o assunto. Letícia completa: “toda vivência com essa área foi para o nosso TCC. Quando ouvimos o relato de muita gente no Tribunal falando que sentia os sintomas e desconfortos, sugerimos experimentar a proposta do TCC no Supremo, como algo inovador”.
O estudo feito por Larissa e Letícia foi realizado, inicialmente, com estudantes universitários, mas Larissa explica que: “conseguimos ver muito bem a semelhança dos estudantes com os trabalhadores, que geralmente têm uma jornada extensa de trabalho”. Assim, a dupla enxergou a necessidade de realizar os exercícios oculares com os servidores e colaboradores do STF. Apesar de serem o foco do trabalho, estudantes universitários e trabalhadores não são os únicos que devem fazer a fisioterapia ocular. Crianças em idade escolar e idosos também necessitam exercitar a musculatura dos olhos, como defende Larissa: “são práticas simples. Qualquer pessoa pode fazer. Você não precisa ter um nível intelectual muito alto e nem diferenciação nos exercícios para faixas etárias distintas”.
As estudantes acreditam que a técnica está sendo bem recebida e aproveitada por todos do Tribunal que já tiveram a oportunidade de fazer os exercícios. Letícia relata que, ao apresentar a metodologia nas salas, pessoas que não têm costume de fazer a aula, admitem que sentem o desconforto ocular e se prontificam a participar da Ginástica Laboral. “É muito legal o retorno dos servidores e colaboradores. Às vezes apenas duas pessoas fazem e, quando a gente explica sobre o exercício, dez pessoas levantam. Então tivemos uma resposta muito boa”, completou Larissa.
Letícia acredita que a principal premissa da metodologia, aplicada ao STF, é prevenir a insuficiência de convergência e os sintomas provenientes dela. Por isso, a equipe da Ginástica Laboral está entregando o cartão de pontos nas salas e disponibilizando-o a todos os servidores e colaboradores. “Com o passar do tempo, se todos continuarem com essa rotina de exercícios, podem diminuir dores de cabeça e os outros sintomas na hora de fazerem as leituras, melhorando, até mesmo, o desempenho no trabalho”, finalizou Letícia. Até agora, 203 pessoas que fizeram a fisioterapia ocular já foram contabilizadas. E você, já experimentou a nova rotina?
Fonte: Portal intranet STF - Terça-feira, 4 de dezembro de 2018